A obra de Ricardo Santos, Escutador de silêncios, foi lançada esta terça-feira, na Cidade de Maputo, sob a chancela da Alcance Editores.
Durante cinco anos, Ricardo Santos publicou textos no Facebook. Pois é, os poetas também postam nas redes sociais. E como postam… Como que sem saber muito bem o que os textos eram, algumas vezes ouviu os seguintes comentários de amigos e de pessoas próximas: “Ó, Ricardo, tu tens que publicar aqueles poemas em livro, que aquilo são coisas engraçadas”. Dando ouvido a essas vozes, o autor reuniu os textos publicados e, esta terça-feira, na Cidade de Maputo, foram lançados em livro, intitulado Escutador de silêncios.
Segundo Ricardo Santos, os poemas que compõem o livro constituem a sua maneira de ver o mundo. “Eu tenho uma visão que alguns consideram poética. Ou seja, é uma maneria poética de olhar o mundo, a vida e a realidade”.
Para escrever os poemas agora publicados em livro, Ricardo Santos precisou de escutar aqueles que, aparentemente, não têm voz, mas têm. “É preciso trazer essa voz cá para fora”, afirmou, quase ríspido, minutos antes da apresentação do livro ao público.
Durante a escrita dos textos poéticos, Ricardo Santos não procurou manter ou cuidar de um estilo poético claramente definido. Mas admite: “Naturalmente, eu sou herdeiro das minhas leituras. Portanto, de alguma forma, as minhas leituras estão presentes nos meus textos”. E parte dessas leituras são os textos de Craveirinha e Nogar – lá vamos.
Na cerimónia de lançamento de Escutador de silêncios, a tarefa de apresentador foi confiada ao escritor Léo Cote, para quem, em termos estruturais, o livro oscila entre o verso e a prosa poética. Quanto à componente temática, o livro é muito misturado. E Cote acrescenta: “A única coisa que é uma espécie de pano de fundo é que a representação social é frequente. A tendência prosaica dos textos são invariavelmente iguais em quase todos”.
Ainda no entendimento de Léo Cote, as características estilísticas fazem com que haja um fio que liga o primeiro ao último texto. “Este livro é cravado por uma espécie de lirismo, mas é um lirismo que, às vezes, é épico, outras vezes, mais intimista”. No intervalo entre uma e outra coisa, reforçou Léo Cote, há um cruzamento das vozes de José Craveirinha e de Rui Nogar – as tais leituras a que o poeta se referiu.
Escutador de silêncios foi lançado no Boske, Cidade de Maputo sob a chancela da Alcance Editores. De facto, numa cerimónia que houve um pouco de tudo: conversas, encontros, amigos, sorrisos, artistas, desabafos e gracejos. Claro, menos silêncios.