Paulina Chiziane promove primeiro álbum musical em Angola
O Prémio Camões 2021 irá promover o seu primeiro álbum, Cantos de esperança, em Luanda e Huambo. Paulina Chiziane viajou a Angola esta terça-feira, onde irá manter parcerias e intercâmbio com artistas angolanos.
“Muhethi wa mbilu yanga” (do changana/ rhonga, “Dono do meu coração”) é um dos temas favoritos de Paulina Chiziane. Composto pela escritora e, agora, cantora, a música é interpretada por Grande Homem e Helena Promise, como que a retratarem os batimentos cardíacos de quem ama e deixa viciar-se por sentimentos cor-de-rosa.
“Muhethi wa mbilu yanga” é a décima faixa do álbum Cantos de esperança, da autoria de Paulina Chiziane, e, à semelhança de outras músicas, é uma proposta que procura lembrar que “o amor é a pedra basilar na construção da Humanidade”. Além de “Muhethi wa mbilu yanga”, integram o primeiro disco da escritora faixas como “Oração da família”, “Quando o amanhã chegar”, “Olhar para ti, África”, “Dom de Deus”, “Guruè” e “Mhamba ya Mondlane”.
Editado em 2019, Cantos de esperança teve pouca repercursão em Moçambique. Talvez, por essa razão, Paulina Chiziane aceitou o convite de ir a Luanda e Huambo para promover o trabalho discográfico que pretende ser, na verdade, o primeiro dos vários discos que deverá lançar nos próximos tempos. Para quem a conhece apenas da escrita, não se espante, a paixão de Paulina Chiziane pelas artes em geral é muito antiga. Ainda menina, pintou de tudo um pouco. Só depois veio a escrita, que, meio ao som da timbila do povo chope, sua etnia, pôde dar um título com sonoridade ao seu primeiro livro: Balada de amor ao vento. Aliás, em 2015, com os Timbila Muzimba, Paulina Chiziane lançou o projecto musical e/ou cultural “África, liberta-te”, na Cidade Maputo.
Portanto, depois de alguns anos a conter em si certo legado artítico-cultural do seu povo, Paulina Chiziane decidiu compor e investir na produção das suas músicas. Para o efeito, contou com a imensurável colaboração de artistas como Eduardo Salmo, Grande Homem, Firmina da Neta, Helena Promise e Larícia Rita. É com estes artistas que, esta terça-feira, a escritora partiu de Maputo para Luanda. Na capital angolana e em Huambo, mais a Sul, Paulina Chiziane irá promover o seu disco durante duas semanas e manter encontros com artistas angolanos.
Ora, como surge o convite que geralmente é feito à escritora e nunca à compositora ou cantora? Um feliz encontro. Em Dezembro do ano passado, o cantor angolano Yuri da Cunha foi ao Bairro Albazine, na Cidade de Maputo, para visitar a escritora. A pretensão foi felicitá-la pelo Prémio Camões 2021 e manifestar a sua admiração. Ainda nesse encontro, Yuri da Cunha referiu-se ao grande trabalho que a autora tem desenvolvido pela afirmação da tradição e pelo resgate dos valores dos africanos, dentro e fora do continente.
Ainda em Angola, Paulina Chiziane pretende divulgar um projecto relacionado com a realização de concertos musicais em Moçambique, pelo menos duas vezes ao ano. Claro, os angolanos que a conhecem da escrita, não ficarão defraudados, afinal, Paulina leva na bagagem o seu mais recente título, A voz do cárcere (em co-autoria com Dionísio Bahule) e novas edições de Niketche e Balada de amor ao vento, pela editora Matiko.
Cantos de esperança é um disco composto por 12 faixas e conta com colaboração do rapper Azagaia, na música “Tenta”. (“O País” 28/02/2022)
#cantosdeesperança #paulinachiziane #moçambique #radiocultura #musical