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Paulina Chiziane vence Prêmio Camões 2021
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Publicado em 25/10/2021

Paulina Chiziane, escritora moçambicana, vence Prémio Camões 2021


Paulina Chiziane | Foto Festival Latinidades 2014 | Flickr CC BY-SA 2.0

O prémio literário mais importante atríbuido nos países de língua portuguesa será entregue a Paulina Chiziane, escritora de Moçambique.

Denominado ‘Prémio Camões’, foi instituído em 1988, com o objectivo de consagrar um(a) autor(a) de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua que é falada por aproximadamente 280 milhões pessoas – sendo assim a 5.ª língua mais falada no mundo.

Para a sua atribuição, o prémio contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa — CPLP, havendo uma comissão de atribuição que é composta por representantes dos países falantes de língua portuguesa.

O prémio 2021

No presene ano, o mesmo coube para a escritora Paulina Chiziane, uma referência na literatura moçambicana, e não só. Como explica uma nota da comissão do júri, a decisão foi por unanimidade, destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra.

O júri decidiu por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra.

O júri referiu também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana. O júri sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.

Paulina Chiziane está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações.

Em 33 anos, é a terceira vez que o prémio é atribuído a um autor moçambicano, depois das distinções de José Craveirinha em 1991 e Mia Couto em 2013.

O reconhecimento

As felicitações vieram de todo lado, sobretudo do país onde a escritora é originária. Através do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, veio a nota de reconhecimento.

Hoje é dia de festa para a Literatura Moçambicana. A nossa compatriota Paulina Chiziane venceu o prestigiado Prémio Camões 2021. É um merecido reconhecimento à obra desta escritora que com grande mestria tem sabido retratar o país.

Que este prémio atribuído por unanimidade pelo júri nos inspire a todos nós em tudo o que fazemos a dar o nosso melhor, sobretudo as novas gerações de autores.

Parabéns, Paulina Chiziane!

De outros cidadãos também veio a mesma felicitação, como é o caso do jornalista Rafael Machalela:

Porém, um dos detalhes que chamou atenção foi o facto da escritora referir que o reconhecimento que recebeu não seja na mesma dimensão que no seu país de origem, Moçambique:

Por outro lado, reconheceu que trata-se de um prémio que pouco podia imaginar que pudesse um dia ser atribuída:

Vida e obra de Paulina Chiziane

Actualmente com 66 anos, Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo).

Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999.

No seus livros, Chiziane aborda sobre as vivências da mulheres, seus sofrimentos e superações, perante uma sociedade que pouco faz pela emancipação das mulheres. Ela recusa ser chamada de romancista, preferido o título de ”contadora de histórias”.

Na juventude ainda militou no partido político Frelimo – Frente de Libertação de Moçambique, mas acabaria por se desvincular — em desacordo com uma série de posições adotadas pelo partido no pós-independência —, deixando assim a atividade partidária ativa e começando a dedicar-se mais exclusivamente à literatura.

Tendo publicado consistentemente até há poucos anos — decidiu parar em 2016 —, Paulina Chiziane foi agraciada em 2014 pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique.

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